Não confunda o amor com bondade

Amar consiste em dedicar, cuidar, doar-se ao outro e precisa ser retribuído, é uma troca com equilíbrio. Se um faz de tudo para melhorar o relacionamento e não há reciprocidade, a mudança não ocorre e o amor enfraquece.

Isto quer dizer que a responsabilidade de melhorar a relação é dos dois, e só avança quando um pode contar com a ajuda do outro em prol desta mudança.

– O que acontece se somente um percebe a necessidade de mudar? Muito sofrimento: frustração, baixa autoestima, doença, sensação de não ser amada, sente culpa e pode mudar seu comportamento para pior.

– Como fazer se apenas um tem paciência e compreensão para tolerar a falta de responsabilidade do outro que não retribui esta bondade?  O relacionamento não dá certo. Fica em desequilíbrio na lei do amor entre o dar e receber. O relacionamento pode se tornar abusivo. Ele não valoriza o que recebe. Quem doa mais tem que aprender a dizer não, impor limites. Aprender a ser valorizada. Conversar sobre a vida do outro. Talvez tenha sido educado pelos pais sem limite algum, tinha tudo que queria, não recebia um “não” como resposta e por isto não se vê merecedor, não se implica no relacionamento ou não se sente responsável pelas próprias emoções. Ou seja, permanece na dinâmica de criança dependente emocionalmente.

-E quando somente um quer buscar ajuda?

Isto é muito comum por vários motivos: medo de ser abandonado; dificuldades em pedir afeto ou pedir para ser amado; assumir a culpa pela indiferença do outro; achar que quem se sente incomodada é quem deve buscar ajuda. Etc.

A relação fica doentia porque caminham por direções diferentes, estabelece um regime de codependência, o que depende e o que valida e alimenta esta dependência.

Reforçando a ideia:

– A pessoa boa demais se anula na relação e isto faz com o outro perca interesse por ela.

– O bonzinho que quer agradar, não consegue dizer não quando precisa se posicionar.

– Aquele que não se respeita não ensina o outro a respeitá-lo.

– Não expressa como gosta de ser tratada, impedindo que o outro aprenda.

O bonzinho se dá mal no amor porque se coloca compreensivo e flexível sem limites. Tolera tudo sem colocar um ponto final e não sabe dizer não. Torna-se um codependente da dependência do outro em relação a si.

Outra dificuldade é que a pessoa muito boazinha, é tolerante, é manipulável porque não sabe se posicionar, assume sua fraqueza e sempre cede à imposição do outro. Gera culpa e desconforto, como se devesse algo ao outro que acaba manipulando-o para fazer o que quer com seu silencio e indiferença.

A pessoa boa tem a sensação de que se não for assim será abandonada, acha que ser boa é o suficiente para ser amada. Tolera tudo para não ficar só, age como criança: antes ter atenção ruim do que não ter nada.  Sente-se não merecedora de amor, mal-amada.

Por outro lado, a bondade de uma esposa às vezes serve para manipular o esposo, fazer com que ele precise dela para que assim se sinta importante, reconhecida e amada.

Buscar ajuda de terapia de casal para reorganizar e resgatar o relacionamento.

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