Que tipo de amor o adolescente precisa?

Para se ter equilíbrio é preciso ter amor materno e paterno dentro de si. O que quer dizer que na fase adulta, as funções de pai e de mãe devem ser exercidas pela própria pessoa sem delegá-las a alguém, sem querer que seus pais continuem fazendo o mesmo que faziam por você na fase de criança. Pai e mãe devem ser carregados dentro de si, como uma força para a vida, discernimento para solucionar os problemas, a sabedoria que precisamos para lidar com os conflitos. Na fase adulta não precisamos mais dos pais, podemos seguir sem eles. Isto pode assustar tanto os pais quanto os filhos.

E quais as funções de pai e mãe?

Espera-se que o pai seja aquele que vai lançar o filho ao mundo, orientar e direcionar o filho para a vida, pela ética e moral. O pai vai mostrar os limites, ensinar e apoiar o filho na construção de vida, a ter foco e direção, dar exemplo de como enfrentar as situações adversas, com amor, respeito, paciência e dedicação. A função do pai é sustentar, dar dignidade, dar um nome, proteger.

A mãe ensina o filho a cuidar-se, proteger-se, formar vínculos seguros, saber aonde ir e com quem se relacionar com segurança e respeito ao outro, organizar suas atividades e a prosperar.

Que tipo de amor que os adolescentes precisam?

Um amor que ensina e põe limites, dá carinho e cuidado, um amor que vincula aos familiares, amigos e a comunidade, que os faça sentir importante, pertencente ao meio em que vivem. Um amor que deixam que caiam, os ajude a se levantar e a enfrentar desafios. Um amor que compreende suas necessidades físicas e emocionais, que o ajude a compreender sua hierarquia e a desenvolver sua espiritualidade, o senso de justiça, da verdade e da bondade.

Pai e mãe juntos são a força que precisamos para o desenvolvimento saudável, não necessariamente os pais, mas alguém que exerça as suas funções. O apego seguro desenvolvido na infância é base sólida para a vida adulta no sentido relacional em todas as áreas. Os pais ou responsáveis precisam acreditar na capacidade da criança e adolescente, de lutarem pelos seus direitos, que sabem dosar a liberdade até que ganhem a maioridade, terem autonomia financeira, a noção do que fazer. Só evoluímos se internalizarmos estas funções.

Qual a diferença da criança para o adolescente?

Na infância somos totalmente dependentes de alguém, podemos dizer que somos o que são nossos pais, mas a partir dos oito anos aproximadamente, conceitos de hierarquia, regras, relacionamentos, conquistas e perdas já estão firmados. A verdade que ela conhecia era a verdade dos pais. Na fase da adolescência, começam os questionamentos destas verdades e de todos os conceitos aprendidos para dar lugar a sua própria verdade.

É comum haver um confronto entre a verdade dos pais e a do adolescente. Aqueles que são bonzinhos, aceitam tudo calados, passivos, atendem primeiro ao outro e depois a seus desejos, podem estar com a autoestima baixa, terem medo de enfrentar a vida, não assumem quem é realmente, têm medo de ser criticados, julgados e até punidos. Estes, são casos de uma atenção especial dos pais ou de profissionais especializados.

A maturidade chega com o equilíbrio entre o pensar, sentir e agir. A fase da adolescência pode ser marcada pelos conflitos gerados na tentativa de um equilíbrio nesta linha. De um lado estão os adultos cobrando comportamentos de adultos que as vezes não têm, do outro estão eles no dilema da transição: nem criança, nem adulto.

Dói muito quando os conflitos aparecem e não se consegue resolver sozinho. Freud dizia que a dor é necessária para que possamos perceber o estado saudável. Por esta visão, a dor e a tristeza são caminhos que nos levam a aproximar da felicidade.

Calma!

Posso explicar isto, lembrando do que disse José Amorim: o pior inimigo é aquele que não consegue ser visto ou o que detém informações privilegiadas sobre você. E quem é que detém estas informações?  Você mesmo.

É você quem decide permanecer na dor ou na tristeza por um longo tempo, se culpando por tudo que acontece ou abstendo-se de desfrutar do seu potencial, das suas qualidades. O pior ainda é permanecer em uma visão da própria vida como a pior do mundo.

O ideal é não entrar na dinâmica de culpar os pais nem se culpar pelos problemas que surgem, mas enfrentar com segurança, buscar ajuda de uma psicóloga ou de alguém em quem confia. Cesar Vasconcellos diz que ajuda psicológica é para pessoa sábia e forte, pois leva-a a reconhecer que é fraco.

É verdade que temos pensamentos bons ou ruins, defeitos e qualidades. Mas, há que se lembrar que prevalecem em você os que escolhe alimentar. Você pode escolher entre repetir os padrões mentais dos seus pais e interpretar o mundo pelos olhos deles ou filtrar aquilo que de bom eles têm e juntar com o que você acredita para seguir a vida. Este é o exercício da maturidade.

O corpo e as emoções não são estáticos e isto é bom porque nos dá a chance de revirar tudo retirar o que não presta, as relações tóxicas, as mágoas, medos e vergonhas que estão escondidos, prestar atenção aos sinais que o corpo emite de que algo não está bem.

Seguir ajustando o que é da própria natureza, até que sinta o bem-estar desejado. Observar suas necessidades básicas como o sono, a alimentação, socialização, diversão, a sexualidade, formação acadêmica, profissão, etc. adequando aos seus ideais. Administrar, organizar, planejar e ser dono da própria vida, aprendemos na infância. Se os pais e responsáveis não dão conta de tudo isto, ainda há tempo de buscar ajuda e não permanecerem distantes ou na posição de superioridade em relação ao filho.

Se você já é adulto e vive na dinâmica de criança ou adolescente, busque se conhecer e elimine aquilo de ruim que tem em você, sozinho ou com ajuda psicológica. Com isto, estará se livrando de doenças físicas e emocionais.

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