O choro ao nascer é nossa primeira comunicação.
O filho diz cheguei, estou aqui, eu existo. A mãe com muito carinho e amor o recebe em seus braços e dá as boas-vindas, valida seu filho: eu te reconheço, estou aqui para cuidar de você, para te amar.
Começa aí a interação da criança, diretamente com o mundo externo.
Pais e cuidadores devem estar preparados para oferecer condições físicas e psicológicas satisfatórias, pois até os 3 anos de idade são dependentes do adulto, é a continuidade da gestação.
Aos cinco anos, aproximadamente, a criança já tem sua personalidade desenvolvida.
Até lá, vivem muitas interpretações distorcidas da realidade que se na fase adulta não forem compreendidas, aceitas e perdoadas, a pessoa vai passar toda a vida tentando resolver e entender porque pensa e age desta ou daquela maneira. As falhas na comunicação, negligência, abandono, violência e maus tratos são fatores que contribuem para que a criança cresça com os afetos vulneráveis.
O filtro que utilizamos para compreender o que os outros dizem é a partir da nossa experiencia, da nossa história, de valores e princípios. Uma criança não vai compreender o que o adulto quer dizer se a comunicação não for clara, contextualizada e não respeitar sua fase da vida. Ela não tem experiencia suficiente para entender o simbólico, a mensagem que está subentendida entre o significado das palavras, o tom de voz e a expressão corporal, presentes na comunicação.
A comunicação é composta por 7% de peso para a palavra, 58% pela força da expressão corporal e os outros 35% pelo tom de voz.
Outro ponto importante na comunicação é não querer que pessoas diferentes compreendam a mensagem da mesma maneira. Um pai não pode exigir que todos os filhos compreendam sua mensagem da mesma maneira, é preciso respeitar as diferenças individuais, cada um tem sua personalidade.
Se são hostilizadas e criticadas vão agredir, vão condenar. Se são ridicularizados e envergonhados serão tímidos e se sentirão culpados.
Por outro lado, serão adultos pacientes e confiantes se viverem na infância a tolerância e se forem encorajadas a enfrentar desafios, a encarar de frente as situações diversas. Isto quer dizer que os pais não devem dar tudo pronto, resolver todos os problemas para os filhos, superprotegê-los como forma de amor.
Elas aprenderão a apreciar as pessoas e as coisas, a gostar de si mesma se tiverem elogios e aprovação. Terão fé se tiverem segurança e aprenderão a amar e a ser generosas se os adultos comunicarem com elas como compartilhar, como aceitar aquilo que não pode ser mudado.
Se o adulto diz à criança com menos de 5 anos:
“sobe aí pra você ver!” A criança vai subir no sofá, mas pode apanhar por isto. É uma comunicação truncada, ela fica confusa com o comando “sobe pra você ver” quer dizer para não subir. Não tem a maturidade para interpretar o que está nas entrelinhas.
Se a mãe diz de forma meiga, em tom meloso e faz gestos de carinho a uma criança que ainda não fala, com menos de 1 ano: “Oh, coisinha feia, eu não queria que tivesse nascido, odeio você”. A criança vai dar as mãozinhas e sorrir para ela porque o tom de voz e a expressão corporal são contrários aos significados das palavras, mas a criança não desenvolveu a linguagem.
Peter Drucker fala da importância de observarmos na comunicação aquilo que não é dito. Porém, a criança com menos de 5 anos ainda não tem o desenvolvimento cognitivo nem vivencial para o completo discernimento, não entende a mensagem de forma real.
É aí que os adultos precisam estar atentos, pois as crianças aprendem o que elas vivem. A criança é dependente do adulto e este é o espelho para ela. Dependemos do outro nos reconheça e nos valide. Não nos vemos completamente, é o outro quem nos vê e percebe o que pensamos e sentimos, através das nossas expressões corporais.
As falhas na comunicação, negligência, abandono, violência e maus tratos são fatores que contribuem para que a criança cresça com os afetos vulneráveis.